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Alto Vale do Itajaí consolida produção de cereais de inverno, reduz dependência de milho e faz economia girar

Alto Vale do Itajaí consolida produção de cereais de inverno, reduz dependência de milho e faz economia girar

O Alto Vale do Itajaí se tornou uma referência na produção de cereais de inverno e o case de sucesso deve ser replicado em outras regiões de Santa Catarina. Em seu primeiro ano de execução, o Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno Destinados à Produção de Grãos mudou a realidade de produtores e agroindústrias em Rio do Sul. A parceria entre Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil) e Pamplona Alimentos resultou em uma movimentação financeira de R$ 50 milhões, além da redução na dependência de milho e do aumento na renda de quem produz. As informações foram apresentadas pelo secretário Altair Silva durante reunião da Câmara de Desenvolvimento da Agroindústria da Fiesc nesta quinta-feira, 24.

“Estamos compartilhando esse case de sucesso em todas as regiões de Santa Catarina para começarmos a diminuir a dependência da importação de milho de outros estados e países. O avanço no Programa de Cereais de Inverno dará uma solidez para a cadeia produtiva, trazendo ainda uma renda extra para os agricultores. Em 2022, vamos investir R$ 10 milhões para apoiar o plantio de mais de 20 mil hectares de trigo, triticale, aveia e centeio destinados à fabricação de ração e produção de silagem. Com a união de esforços de toda cadeia produtiva nós podemos transformar a realidade do agronegócio catarinense”, destaca o secretário da Agricultura Altair Silva.

Em Rio do Sul, toda a produção de cereais de inverno dos 400 produtores ligados à Cravil foi comercializada com a Pamplona Alimentos. Foram 250 mil sacas de trigo e triticale produzidas em áreas que antes ficavam ociosas e que se transformaram em ração animal, reduzindo a demanda por milho. O presidente da Cooperativa, Harry Dorow, explica que houve uma grande evolução no último ano, com o envolvimento de produtores e técnicos foi possível chegar a uma colheita muito superior ao que era esperado.

“O plantio seria para 150 mil sacas e nós acabamos recebendo 250 mil sacas. Para 2022, esse volume deve crescer substancialmente, até em função da estiagem que tivemos e muito milho acabou não dando rendimento para os agricultores. Essas áreas com certeza serão plantadas com cereais de inverno e nós já estamos preparando tudo para iniciar o fornecimento de insumos para os associados. Nós acreditamos num crescimento que pode chegar a 400 mil sacas na próxima safra”, afirma Dorow.

Se de um lado o produtor obteve uma fonte extra de renda, do outro as agroindústrias reduziram os custos e se tornaram mais competitivas. A diretora presidente da Pamplona, Irani Pamplona Peters, ressalta que o Projeto atende uma necessidade urgente das cadeias produtivas de aves, suínos e leite. “Em Santa Catarina nós produzimos menos da metade do milho que consumimos e o produtor catarinense é trabalhador, nossas terras são bem aproveitadas, com tecnologia e apoio da Epagri e das cooperativas. Não tem erro. Os animais precisam se alimentar e nós precisamos plantar. Esse experimento foi excelente. A Pamplona está muito feliz com essa parceria e isso pode acontecer também em outros municípios”.

Mais movimento econômico para o Alto Vale

Os resultados do Projeto de Incentivo ao Plantio de Cereais de Inverno podem ser vistos na prática na região de Rio do Sul. As estimativas apontam que a produção de trigo e triticale para fabricação de ração gerou um movimento econômico de R$ 50 milhões para o município, recursos que antes seriam utilizados para importação de milho e destinados para outros estados.

“Eu olho isso como uma semente que foi plantada em Santa Catarina e que será uma política de Estado consolidada, trazendo uma alternativa de renda para o produtor, benefício para a agroindústria e movimentação econômica para o município. Só na região de Rio do Sul, o Programa viabilizou um movimento econômico de R$ 50 milhões, num período que antes não se tinha nada. Então gera um reflexo em toda cadeia. O recurso que poderia ir para outros estados agora circula na região”, ressalta o secretário adjunto Ricardo Miotto.

Como funciona o incentivo ao plantio de cereais de inverno

Foto: Aires Mariga / Arquivo / Epagri 

A ação faz parte do Programa Terra Boa e este ano contará com R$ 10 milhões em investimentos. A intenção é incentivar o plantio de mais de 20 mil hectares de trigo, triticale, aveia e centeio destinados à fabricação de ração e produção de silagem.

A Secretaria da Agricultura dará uma subvenção de R$ 300 por hectare efetivamente plantado com cereais de inverno, num limite de 10 hectares por produtor. Os produtores rurais devem procurar as cooperativas agropecuárias participantes do Programa para manifestar o interesse em fazer a semeadura de cereais de inverno. As cooperativas e casas agropecuárias fornecem sementes e insumos para o plantio e o produtor realiza o pagamento ao final da safra, quando entrega os grãos e recebem o subsídio por hectare cultivado.

Os grãos entregues pelos produtores às cooperativas são destinados às agroindústrias e fábricas de ração instaladas no Estado. Além disso, haverá uma cota de recursos disponíveis para o incentivo à produção de silagem com cereais de inverno nas propriedades rurais.

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