Como parte da terceira geração da família, Cristine Grings quebrou barreiras ao se tornar a primeira mulher CEO da PICCADILLY.  

Sua liderança tem sido essencial na transformação da empresa, consolidando seu destaque no setor e promovendo inovação, inclusão e encorajamento feminino como pilares da marca.

Sob a liderança de Cristine Grings, a PICCADILLY,  umas das principais calçadistas femininas do país, vive um momento de transformação e protagonismo no setor. Como a primeira mulher a assumir o cargo de CEO nesse segmento, Cristine personifica a força da liderança feminina, aliando inovação, visão estratégica e compromisso com os valores da empresa para impulsionar a marca a novos patamares.

Parte da terceira geração da família fundadora, Cristine Grings iniciou sua trajetória na PICCADILLY aos 17 anos como estagiária na área produtiva. Antes de assumir posições de liderança, acumulou experiências diversas: trabalhou em banco, fez intercâmbio nos EUA e atuou na área de publicidade. Aos 21 anos, tornou-se sócia de uma agência de marketing, retornando à PICCADILLY aos 24 como gerente de marketing. Sua ascensão foi notável: aos 33 anos, assumiu a vice-presidência e o Conselho de Família; e, em junho de 2015, aos 34 anos, foi nomeada CEO.

Em um setor onde a maioria dos consumidores é feminina, mas as posições de liderança ainda são ocupadas majoritariamente por homens, Cristine enfrentou desafios significativos. Determinada, transformou críticas em resultados e pavimentou o caminho para outras mulheres no mercado corporativo.  A PICCADILLY foi a primeira calçadista brasileira a valorizar o encorajamento feminino de dentro para fora, com ações focadas no bem-estar das mulheres em diversas áreas, como maternidade, carreira e relacionamento. Hoje, sob sua gestão, metade dos cargos de alta gestão da empresa são ocupados por mulheres, evidenciando seu compromisso  com i nclusão e diversidade.

Se preparando para completar 70 anos em 2025, a PICCADILLY combina tradição e inovação para atender diferentes gerações de mulheres. Sob a liderança de Cristine Grings, a marca focou em sustentabilidade e design inovador, reforçando práticas ESG como parte central de sua estratégia,  quadruplicando o lucro e se destacando no mercado global. A empresa investe em tecnologias que garantem conforto e funcionalidade, com exportações para mais de 100 países e 7 mil pontos de venda no exterior, especialmente em mercados-chave como Colômbia, Peru, México e Emirados Árabes.

A gestão de Cristine Grings mostra como a inovação e valores corporativos transformam uma empresa. Ao promover inclusão e sustentabilidade, ela posicionou a marca como referência global no setor calçadista, equilibrando tradição e modernidade para atender às mulheres contemporâneas e reforçando o compromisso com um futuro mais inclusivo e sustentável.

Cristine, você é a primeira mulher a assumir a presidência da PICCADILLY e também a primeira mulher a liderar uma empresa do setor calçadista. Como foi essa trajetória e quais foram os maiores desafios ao longo do caminho?

Ser a primeira mulher a assumir a presidência de uma empresa com a tradição da PICCADILLY foi, sem dúvida, um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Quando assumi a liderança, em 2015, sabia que seria um marco não só para mim, mas para todo o setor calçadista, que tradicionalmente tem uma presença masculina na alta gestão. Enfrentei desafios relacionados à adaptação da gestão e ao fortalecimento da cultura organizacional. Como líder, meu foco sempre foi implementar uma gestão moderna, focada em resultados, mas também em valores como inovação, sustentabilidade e inclusão. Essas mudanças não aconteceram do dia para a noite, mas com o apoio de toda a equipe e da família, conseguimos conquistar nosso espaço e alcançar resultados positivos.

Você acredita que as oportunidades para mulheres em posições de liderança estão crescendo no mercado? Quais fatores você acredita que contribuem para essa evolução?

Sim, sem dúvida, estamos vendo mudanças, apesar de ainda existir um caminho a ser percorrido. Muitas empresas estão começando a perceber que a diversidade não é apenas uma questão de equidade, mas uma vantagem estratégica. Mulheres têm ocupado espaços importantes em setores dominados até então  por homens, trazendo novas perspectivas que estimulam a inovação. Eu vejo essa mudança como um reflexo de uma sociedade que está se transformando,  mas sabemos que ainda há muito trabalho a ser feito. Políticas de inclusão, ações de conscientização e a visibilidade de mulheres bem-sucedidas são os fatores que têm impulsionado essa evolução.  

Quais desafios você acredita que ainda existem para as mulheres alcançarem cargos de liderança, e como podemos superá-los?

Os desafios ainda são grandes. A desigualdade de oportunidades e os preconceitos inconscientes que subestimam a capacidade das mulheres são obstáculos permanentes. Além disso, a pressão de equilibrar a vida profissional com a pessoal, especialmente em setores exigentes, pode ser um grande desafio. Para superá-los, é essencial que as empresas criem políticas inclusivas de desenvolvimento, visibilidade e mentoria, e que a sociedade, como um todo, incentive as mulheres a acreditarem em seu potencial. O apoio e o encorajamento de todos são fundamentais.

Como você avalia o impacto de sua liderança na empresa, principalmente sendo a primeira mulher da terceira geração da família a ocupar a presidência? Quais são os aspectos mais desafiadores de liderar uma empresa familiar e como tem sido a sua experiência nesse contexto?

Acredito que o impacto tem sido positivo, principalmente porque conseguimos expandir e modernizar a empresa sem perder nossa essência e nossos valores. A maior dificuldade de liderar uma empresa familiar é equilibrar a tradição com a necessidade de inovação. Ao longo dos anos, buscamos adaptar a PICCADILLY à realidade do mercado, que está num processo muito acelerado de transformação e mudanças, sem perder a essência da nossa história. Nós da terceira geração entendemos a fundamental importância de estruturar a governança do negócio e profissionalizar a gestão da empresa, preparando-a cada vez mais para os atuais desafios e acreditamos que estamos trilhando um caminho de sucesso nesse sentido. Claro, que eu não faço nada sozinha, tenho uma equipe incrível e  profissionais que se identificam com os valores da empresa, e que me ajudam a construir essa história a cada dia.

Como você enxerga a importância de ter mulheres em cargos de liderança para o desenvolvimento das empresas e do mercado como um todo?

As mulheres trazem uma visão única para a liderança. Elas costumam ser mais empáticas, colaborativas e focadas em criar soluções sustentáveis, características que enriquecem a tomada de decisão. Nós mulheres temos também um olhar genuíno para a valorização das pessoas, o grande ativo das organizações na atualidade. Além disso, a presença feminina nas lideranças representa a diversidade de experiências e de perspectivas, o que, sem dúvida, fortalece o desenvolvimento de uma empresa.

Você já nos contou sobre os desafios da sua trajetória como um todo, mas tem algum obstáculo marcante? Como o superou?

Sem dúvida, como membro da terceira geração de uma empresa familiar, o maior obstáculo foi suceder líderes muito bem sucedidos que estiveram na liderança da Piccadilly antes da gente, figuras emblemáticas na empresa e na nossa comunidade. O grande desafio era provar que tínhamos capacidade para suceder profissionais tão competentes como eles e ainda sendo mulher e jovem. Com o tempo, percebi que essa pressão, em vez de me paralisar, foi uma motivação para me tornar mais forte e mais focada. Hoje, vejo que a chave foi acreditar em mim mesma, apesar das dúvidas dos outros, me aliar aqueles que ajudariam a escrever este novo capítulo da nossa história juntos e como consequência entregar resultados consistentes.

Como você vê o papel das mulheres no mercado de trabalho hoje e como a PICCADILLY tem trabalhado para promover a equidade de gênero?

O papel das mulheres no mercado de trabalho tem evoluído significativamente, mas ainda enfrentamos desafios, especialmente em setores tradicionais. Na PICCADILLY, temos um compromisso forte com a equidade de gênero, refletido em nossa estrutura de liderança, com 50% dos cargos de alta gestão ocupados por mulheres e 36% dos cargos de liderança. Nossas iniciativas de inclusão não se limitam ao ambiente interno: impactamos mais de 250 mil mulheres por meio de programas de capacitação, mentorias, e eventos que incentivam o encorajamento feminino e o equilíbrio de gênero em toda a sociedade. Essas ações são parte de uma estratégia ESG mais ampla, que visa não só promover a equidade, mas também contribuir para uma mudança cultural no mercado de trabalho, reforçando a importância da diversidade como um fator de inovação e crescimento sustentável. Acreditamos que um ambiente empresarial inclusivo e colaborativo é essencial para o fortalecimento das comunidades e da sociedade como um todo.

Como as empresas podem criar ambientes mais inclusivos e colaborativos, especialmente para mulheres em posições de liderança?

As empresas precisam dar exemplo de um compromisso genuíno com a equidade, implementando políticas que promovam a inclusão desde o início da carreira dos colaboradores. É essencial olhar para as mulheres como líderes em potencial e oferecer treinamentos, mentorias e visibilidade. Combater preconceitos inconscientes e garantir que todas as vozes sejam ouvidas também são pontos-chave. Um ambiente inclusivo começa com a liderança da empresa, que deve ser a primeira a demonstrar o valor da diversidade, não como um benefício, mas como uma estratégia para o sucesso.

A PICCADILLY tem se destacado no cenário internacional e nacional sob sua liderança, especialmente com a expansão para novos mercados. Quais são as metas para o futuro da marca?

Temos nos consolidado como uma marca global, com presença em mais de 100 países. Nossa expansão internacional inclui 40 lojas em locais estratégicos, entre eles Equador, México, Filipinas, Emirados Árabes Unidos, entre outros. A combinação de lojas licenciadas e exclusivas tem sido fundamental para alcançar uma maior visibilidade nos mercados internacionais. Além disso, no Brasil, continuamos a ampliar nossa presença com novas  franquias em diversas regiões, consolidando nossa atuação nacional e ampliando nossa rede de consumidoras. Isso sem contar a capilaridade de distribuição que temos no canal multimarca, onde estamos presentes em cerca de 21 mil pontos de venda em todo o mundo, além de estarmos ampliando nossa participação no canal digital. A consumidora tem mudado significativamente seu comportamento de consumo e precisamos estrategicamente nos adaptar a este movimento, estando presentes onde a consumidora deseja nos comprar e nos relacionando com ela da melhor forma, criando experiências profundas com a nossa marca.

Qual conselho você daria para outras mulheres que aspiram a posições de liderança em setores tradicionalmente dominados por homens?

Acredite em si mesma e busque se desenvolver constantemente. Capacite-se, invista em seu conhecimento e construa uma rede de apoio com outras mulheres e mentores. Valorize os dons únicos que Deus lhe deu e não procure ser como os outros, acredite no seu potencial e nos seus diferenciais, deixe a sua essência liderar. Os desafios sempre vão surgir, mas são as adversidades que nos moldam. Encare cada obstáculo como uma oportunidade para se fortalecer. Se você tiver confiança no que faz e no seu valor, e deixar Deus guiar o seu caminho, nada será capaz de parar o seu progresso.

Saiba mais sobre a Cristine Grings em suas redes sociais:

Instagram: @cristinegringsnogueira

Instagram: @calcadospiccadilly