CEO's Club expande fronteiras com lançamento de embaixada em Salvador
(*) Armando Kolbe Junior
Apesar do cenário de incertezas por conta da pandemia, 2021 está sendo muito bom para as Startups. De acordo com dados da Crunchbase Daily, durante menos da metade do ano, juntaram-se ao grupo de unicórnios – empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão – o total de 166 novas empresas. Para se ter uma ideia, o ano de 2020 teve, ao todo, 163 unicórnios.
Entre as empresas que rapidamente entraram nesse rol, este ano, estão o aplicativo de áudio Clubhouse e a proptech Pacaso, ambas as empresas situadas em São Francisco, e também a israelense Wiz (de segurança cibernética), a chinesa Moore Threads (de semicondutores) e a alemã Gorillas (de entregas). E no Brasil?
Alguns dados, Venture Pulse 1T 2021, consultoria KPMG, têm comprovado que o mercado de Venture Capital (Capital de Risco) está caminhando no sentido inverso aos impactos econômicos provocados pela pandemia de Covid-19. Mesmo correndo mais riscos, investidores têm apostado substancialmente em investimentos nas Startups brasileiras. A consolidação do mercado em nosso país, com seguidos cases de sucesso, pode ser um dos fatores dessa arrancada, atraindo atenções de fundos locais e internacionais.
Levantamento da empresa de inovação aberta Distrito, publicado esse ano, aponta 17 Startups brasileiras aspirantes ao clube do bilhão, São elas: ContaAzul, Dr. Consulta, Neon, Minuto Seguros, Petlove, CargoX, Solinftec, Superlógica, Tembici, Fazenda Futuro, Zenvia, Buser, Take Blip, Cortex, Contabilizei, Pipefy e Olist. Esse crescimento é resultado das conexões que ocorrem entre Startups, bem como do crescimento de aportes internacionais como os realizados pelo fundo chinês SoftBank.
Quando falamos de Startups logo vem à mente uma empresa de sucesso com ideias espetaculares. O que ocorre, na realidade, é que algumas Startups tiveram sucesso, mesmo quando tiveram ideias – podemos dizer – boas, não necessariamente incríveis, e porque estavam no timing correto, ou seja, souberam aperfeiçoar o seu produto ou serviço com o tempo. É só lembrarmos dos casos de Uber e Airbnb que surgiram com a chegada da recessão nos EUA, quando as pessoas estavam em busca de uma renda extra e puderam fazê-la dirigindo seu veículo próprio ou alugando um quarto de seu imóvel. Em termos reais, isso é pesquisa para verificar se existe uma demanda reprimida e, a partir do que se revelar, criar um negócio com peso, recursos financeiros, timing, equipe e modelo ideal.
Claro que nem tudo são flores no ecossistema das Startups e uma questão deve ser observada: o tempo de vida delas. Relatório recente da Fundação Dom Cabral mostra que, no Brasil, pelo menos 25% das Startups morrem com 1 ano, 50% com 4 anos e 75% delas com 13 anos de existência. Os três fatores de risco significativos para a sobrevivência apontados pelo estudo são o número de sócios envolvidos, o volume de capital investido antes do início de suas vendas, e também o local de instalação da Startup. Ou seja, são aspectos que podem determinar as suas chances de sucesso.
Sendo assim, precisamos de uma atualização dos conceitos utilizados para discutir sobre as Startups. Existem inúmeras situações pouco exploradas, que urgem de reflexões capazes de potencializar a atuação delas. Principalmente em um cenário de franca expansão.
(*) Armando Kolbe Junior é Professor e Coordenador do Curso de Gestão de Startups e Empreendedorismo Digital do Centro Universitário Internacional UNINTER