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Com projetos desenvolvidos em prazos recordes indústrias de SC e SP conseguiram certificar novos modelos de respiradores pulmonares para UTIs; trabalhos tiveram apoio dos institutos SENAI de Inovação de Joinville e Florianópolis e Associação Catarinense de Medicina (ACM)
Dois projetos desenvolvidos em tempo recorde inferior a 120 dias, com apoio dos institutos SENAI de Inovação de Joinville e Florianópolis, vinculados à Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), viabilizaram a produção nacional de ventiladores mecânicos pulmonares. As indústrias Delta Life, de São José dos Campos-SP, e GreyLogix, de Mafra-SC, obtiveram a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção integralmente com tecnologia nacional de ventiladores, que são cruciais nos casos graves da Covid-19. A previsão é de que as duas empresas produzam de 700 a 1,1 mil equipamentos mensais (dependendo da demanda), que chegarão ao mercado em preços inferiores aos praticados atualmente para esses produtos.
“É uma conquista tecnológica muito importante tanto para a indústria brasileira quanto para os institutos SENAI, que demonstram sua capacidade de apoiar o setor produtivo no desenvolvimento de inovações e tecnologias complexas, fortalecendo a competitividade”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.
Os dois projetos são cases emblemáticos de união de esforços de diferentes organizações. Com o surgimento da pandemia, a rede de Institutos SENAI de Inovação, que tem 27 unidades em todo o Brasil, identificou fatores nevrálgicos para o enfrentamento da doença, sendo um deles a falta desses equipamentos nas Unidades de Terapia Intensiva, cruciais nos casos graves da doença, e a indisponibilidade do produto no mercado. Nessa busca de soluções, os profissionais do SENAI procuraram a Delta Life, indústria de equipamentos de saúde focada na área veterinária.
“Já tínhamos um plano de avançar no fornecimento para medicina humana, no qual tínhamos dois produtos; a participação do SENAI agilizou esse processo”, afirma o fundador e diretor da Delta Life, Vagner Aredes. “O grande diferencial que o SENAI nos trouxe foi a capacidade de atuar no desenvolvimento de novas funcionalidades do produto, agregando competências de eletrônica, software e mecânica, além de criar uma grande rede de contatos”, acrescenta Aredes. Graças a esses contatos, diversas etapas puderam ser superadas em poucas semanas. O resultado foi um equipamento robusto, de pequeno porte, que permite o seu uso em unidades de terapia intensiva, bem como para situações de emergência e transporte de pacientes adultos, intra ou extra hospitalares.
Ao mesmo tempo, em Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina, a equipe da GreyLogix, empresa da área de Automação Industrial, percebeu a oportunidade de mercado, inclusive pela falta dos equipamentos nos hospitais da região. A empresa procurou o SENAI para ter apoio para a viabilização do projeto.
Renato Leal, CEO da GreyLogix, cita que o SENAI deu suporte no atendimento de pontos críticos no desenvolvimento do aparelho, como a agilização das etapas do processo de certificação na Anvisa e as melhorias no produto.
Inovação em várias frentes
A agilidade do desenvolvimento da tecnologia foi possível graças à aplicação de inovações e à atuação em várias frentes de ação. Um exemplo é a válvula proporcional desenvolvida para a Delta Life. O componente é o “coração do ventilador pulmonar”, pois regula e delimita a quantidade da mistura gasosa a ser inalada pelo paciente nos modos de ventilação necessários. “Criamos uma mola plana ou spider, semelhante a uma teia de aranha”, afirma Ariel Paulo Rezende, do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura (de Joinville). “Realizamos simulações em laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina e os resultados foram de altíssima importância para entender o comportamento do fluido, e modelar os canais e orifícios de passagem do ar”, acrescenta. No Instituto SENAI em Joinville foram realizados ensaios de simulação de corpos rígidos para dimensionar a mola. Enquanto isso, em outra frente, o Instituto SENAI de Florianópolis atuava no desenvolvimento de toda a interface eletrônica de controle de válvulas e sensores. As articulações da FIESC e do SENAI agilizaram o empréstimo do Pulmoteste do Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro, para a certificação das práticas de fabricação pela Vigilância Sanitária e para os testes do ventilador.
Além da válvula proporcional e da interface eletrônica, foram desenvolvidos e nacionalizados ainda o sensor de fluxo (que monitora a quantidade de mistura gasosa inspirada e expirada pelo paciente) e a válvula PEEP (que controla a quantidade de mistura gasosa que fica remanescente nos pulmões do paciente, prevenindo lesões pulmonares).
Modelo Modular
Renato Leal explica que a GreyLogix optou pela criação de um modelo modular, utilizando componentes já existentes no mercado nacional, para acelerar o processo de fabricação. Isso permite agilidade na produção. Contando com os componentes em mãos, a empresa pode fabricar 30 equipamentos por dia. “Somos a primeira indústria brasileira que não tinha atuação na área médica a obter a homologação da vigilância sanitária. Criamos um produto totalmente do zero”, afirma Leal.
Ambos os projetos foram financiados pelo edital de Inovação da Indústria, do SESI e do SENAI Nacional, e têm o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Assessoria de Imprensa
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina