Em se tratando de “transformação digital”, não basta aplicar: é preciso entender, pois ela pode refletir no sucesso ou fracasso da empresa
É fato que vivemos em uma sociedade cada vez mais digital. Antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, existia uma necessidade exacerbada das empresas em se transformarem digitalmente e isso era tratado como um diferencial. Hoje, embora ainda vivendo em meio à pandemia, isso se tornou ainda mais urgente em muitos setores das organizações.
Contudo, na busca desenfreada de se enquadrar no novo cenário digital, muitas empresas aplicaram a “fórmula” em áreas mais integradas ao digital, sem compreender o escopo, a estrutura e até mesmo as responsabilidades dessas áreas.
Se por um lado a digitalização tem proporcionado benefícios para o consumidor e transformado as empresas, por outro implica constantes desafios. Neste sentido, quando o assunto é a digitalização, buscar seguir as principais tendências do mercado velozmente parece não ser suficiente. Isso é perceptível, especialmente, em setores demasiadamente digitalizados, na qual a maturidade digital varia significativamente, impactando os resultados das empresas.
Afinal, o que é transformação digital?
A habilidade de reimaginar digitalmente um negócio é estabelecida, em sua maioria, por uma estratégia digital tangível e respaldada por líderes que fomentem uma cultura capaz de “inventar o novo”.
Desta forma, a transformação digital é caracterizada por impulsionar ao menos um dos principais estímulos da sua cadeia de valor, sendo essas:
1. Modelos de negócio: corresponde a novas formas de operar e novos modelos econômicos;
2. Conectividade: diz respeito ao engajamento em tempo real;
3. Processos: tem como foco a experiência do cliente, automação e agilidade;
4. Analytics: corresponde à melhor tomada de decisão e cultura de dados.
Contudo, para absorver o valor criado por esses estímulos, é fundamental associá-los a um conjunto de práticas que compreendem quatro dimensões fundamentais: Estratégia; Capacidades; Organização e Cultura.
Compreendendo as dimensões da Transformação Digital
Estratégia
- Consciência da mudança;
- Aspiração ambiciosa e de longo prazo;
- Vínculo à estratégia de negócio;
- Centralidade do cliente;
- Oportunidades de crescimento;
- Roadmap específico;
Capacidades
- Marketing e vendas digitais;
- Jornadas do cliente;
- Dados e Analytics;
- Modelos e plataforma tecnológica;
- Foco na geração de valor.
Organização
- Estrutura;
- Colaboração entre negócio e tecnologia;
- Talentos;
- Proficiência em Analytics e Digital;
- Governança e métricas.
Cultura
- Agilidade;
- Teste e aprendizado;
- Experimentação;
- Colaboração interna;
- Orientação externa;
- Mentalidade baseada em dados.
Após a Transformação Digital o foco é a Maturidade Digital
Quando uma empresa compreende as dimensões da Transformação Digital e ela é aplicada de forma assertiva, o passo seguinte é alcançar a maturidade digital. Neste contexto, Maturidade Digital é um termo utilizado para reportar-se ao nível de entendimento e integração das tecnologias na rotina da empresa. Ou seja, corresponde a um passo mais avançado após a transformação digital. Embora estes dois termos sejam primordiais para uma empresa conquistar vantagem competitiva, apresentam conceitos e aplicações diferentes.
Em 2018, em um estudo inédito, o Google e Boston Consulting Group mediram o nível de maturidade digital de algumas das maiores empresas brasileiras, no campo do marketing data-driven. Embora as pessoas sejam receptivas aos anúncios digitais (segundo fontes da pesquisa) falta de maturidade das empresas que não estão 100% preparadas para ações digitais eficientes.
Segundo o Google e o BCG a maturidade digital pode ser divindade em quatro estágios, sendo eles:
Nascentes: corresponde ao nível mais básico de maturidade e está associado às empresas que não estão muito atentas aos resultados de suas estratégias, e valem-se de dados tratados por terceiros;
Emergentes: diz respeito a empresas que já possuem um processo de armazenamento e tratamento de dados, porém, os utilizam como base para as estratégias, sem realizar o cruzamento dos resultados;
Conectadas: este estágio corresponde às empresas que cruzam e conectam os dados em multicanais, além disso, possuem habilidades específicas para interligar resultados e analisar métricas singulares;
Multimomento: este é o nível onde as empresas conseguem manipular a tecnologia para promover experiências ímpares e diferenciadas, com base na individualidade do público consumidor, independente do canal.
É importante ressaltar que, quando uma empresa atinge o nível de maturidade correspondente ao Multimomento, é possível aumentar as receitas da empresa em até 20%, atrelado a uma redução de custos de até 30%.
Porém, de acordo com dados do setor, no Brasil, apenas 2% das empresas atingiram este patamar, sendo que a grande maioria, 55%, encontra-se na categoria Emergente.
Antes de ser aplicado no Brasil, esse modelo foi utilizado no mercado europeu.
Ricardo Martins
Com mais de 15 anos de experiência em marketing e desempenho digital, Ricardo Martins, atualmente, é Head de Digital (Marketing, Canais, CI e CX) em uma instituição privada.
Ao longo de sua carreira teve a oportunidade de trabalhar com serviços relacionados a relações públicas, marketing, gerenciamento de projetos, BI, tecnologia, UX, entre outros. Sendo executivo de grandes agências e empresas, o profissional liderou equipes e projetos de grandes players do mercado, dentre eles: Spotify, Procter and Gamble, Johnson e Johnson, Fiat, Jeep, Sodexo, Itaú, Renault, Pernambucanas e Nextel.