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Saiba quais profissionais de TI têm mais chances de emprego, segundo a Acate

Saiba quais profissionais de TI têm mais chances de emprego, segundo a Acate

Levantamento inédito da Associação Catarinense de Tecnologia indica que empresas vão abrir 16,6 mil novas vagas de trabalho até 2023 - mais da metade para desenvolvedores de software

Um levantamento inédito da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) mapeou os profissionais de TI mais demandados e quais competências são mais valorizadas pelo mercado.  Segundo a pesquisa, empresas da base tecnológica de Santa Catarina vão abrir 16,6 mil novas vagas até 2023 - mais da metade para desenvolvedores de software, os DEVs.

De acordo com o levantamento, as funções mais demandadas são desenvolvedor full stack, back-end e front-end, seguidas por analista de serviços/suporte TI e analista de negócio. Já em relação às competências dos candidatos, as mais exigidas são conhecimentos em metodologias ágeis, experiência profissional na área, habilidade em execução de projetos e domínio de linguagens de programação, além de inglês e formação acadêmica (GRÁFICOS AO FINAL DO TEXTO). 

“Os salários partem de R$ 3 mil e costumam ser três vezes superiores à remuneração média obtida na indústria. São postos que podem representar um ganho significativo para as famílias e auxiliar na retomada econômica no período pós-pandemia. É fundamental o apoio de todos - Governo, empresas, entidades e academia - na formação desses profissionais”, reforça o presidente da ACATE, Iomani Engelmann, em referência à histórica falta de profissionais de TI capacitados no mercado.

Raphaela Penteado, de 24 anos, trabalha como analista de controle de qualidade, uma das profissões da TI em alta, segundo o estudo, na HostGator, provedora mundial de hospedagem de sites e serviços para presença online. Nesse cargo, ela é responsável pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos. Depois de perceber a demanda do mercado e o alto fluxo de contratação, Raphaela buscou seguir na área e se aprofundar nas competências exigidas. “Nunca fiz cursos especializantes, sou autodidata. Fui atrás da informação a partir da volumetria do mercado, entendi as exigências, estudei os conceitos e me lancei a prática”, conta, a hoje graduanda de Engenharia da Computação. 

O levantamento da ACATE foi feito pela entidade a partir das respostas de 228 empreendedores do setor e com apoio de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que extrapolaram os dados. A pesquisa também identificou as soft skills (habilidades interpessoais) mais valorizadas pelo mercado: resolver problemas (resposta dada por 90,8% dos respondentes), seguida por trabalho em equipe (78%) e proatividade (68%). 

Por que DEVs são os mais disputados

Com relação aos profissionais mais demandados, segundo a pesquisa, os desenvolvedores, a coordenadora de DHO da Supero Tecnologia, Bárbara Daniel Vieira, avalia que a consolidação do trabalho remoto acirrou a disputa por eles: “As empresas brasileiras passaram a concorrer com organizações estrangeiras, que pagam em dólar ou euro, duas moedas valorizadíssimas, em relação ao real”. Segundo Bárbara, os mais experientes, de nível pleno e sênior, sequer têm procurado por oportunidades, pois propostas de trabalho chegam até eles espontaneamente.

Ela enumera algumas formas de as empresas driblarem esta dificuldade: “Aprimorar as ofertas de vagas, dando a possibilidade de jornada de projeto flexível, convênios e descontos comerciais; construir uma boa reputação no mercado, respeitando e apostando na  diversidade, com alinhamento de discurso e prática, são diferenciais bem vistos por profissionais. Assim como oferecer apoio para que o colaborador faça cursos longos ou bootcamps em áreas como data science e cibersegurança podem aumentar as chances de contratação”.

Tomás Ferrari, CEO e fundador da GeekHunter, plataforma de recrutamento especializada na contratação de profissionais de tecnologia, explica que, como a tendência é aumentar ainda mais a demanda, as empresas mudaram a forma como procuram e selecionam esses profissionais. A graduação, por exemplo, deixou de ser uma das competências mais requisitadas porque a grade curricular das universidades tradicionais não consegue acompanhar a velocidade do mercado.

"Por isso, cresce o movimento de Edtechs que oferecem cursos intensivos para preparar o profissional para as principais tecnologias que o mercado está precisando", afirma Ferrari. "Mas, o mais importante é que o profissional precisa ter habilidades interpessoais, saber resolver problemas e ter altíssima adaptabilidade, principalmente porque ele vai precisar se adaptar às mudanças de tecnologias, que ocorrem o tempo todo. Neste contexto, o rápido aprendizado passa a ser essencial", finaliza. 

A analista de controle de qualidade da Hostgator, Raphaela Penteado, aconselha futuros candidatos a uma vaga em TI a estudar o setor, a demanda de trabalho e as hard skills exigidas, além de estarem abertos ao novo, já que o dia a dia da profissão é repleto de desafios. “Tudo o que você precisar aprender aprenderá praticando”, complementa.

A demanda pelo inglês

De acordo com a pesquisa, 20,27% das empresas que procuram profissionais em TI demandam conhecimento na língua inglesa. Apesar de a condição fazer sentido para a área, já que a linguagem na hora de programar é dominada pelo inglês, recrutadores podem perder bons profissionais do mercado por conta da exigência em fluência no idioma. Silvia Petreca, tech recruiter da startup LogComex — de dados e tecnologia para o comércio exterior — diz que o inglês é essencial no setor de tecnologia, mas é preciso se atentar para a real necessidade da habilidade ao abrir uma vaga. "Pedimos que o candidato entenda inglês no nível técnico, que é a capacidade em compreender as demandas e reportar para seu superior", explica a recrutadora.

Ainda assim, o domínio da língua é importante para a LogComex, que está em processo de internacionalização. Para preparar seus profissionais para o plano de médio prazo, a startup oferece aulas de inglês opcionais aos colaboradores. Em parceria com uma escola de idiomas, a empresa paga a mensalidade de duas aulas semanais e os colaboradores ficam responsáveis por comprar o material didático. "Ter profissionais que falam inglês é do nosso interesse, então queremos prepará-los para continuar conosco nessa jornada. Muitas empresas exigem o idioma, mas não se disponibilizam a ajudar os colaboradores no aprofundamento da língua", completa Silvia.

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