Inaugurado em 1936, o Hospital Bom Jesus é referência em saúde para a Região da Cebola há 85 anos. A missão que foi assumida na época pelas Irmãs Franciscanas é mantida até hoje pela Congregação das Irmãs  Franciscanas  de  São José.

Esta longa história só é possível hoje celebrar por que foi construída por muitas mãos. Ela teve início a partir de uma necessidade de assistência aos doentes desta comunidade, na ocasião chamada Salto Grande. Após um pedido do pároco local, Frei Gabriel Zimmer, as Irmãs passaram a administrar e responder a necessidade urgente  da  assistência  aos  enfermos.

Em 1945 o Hospital passou por sérias dificuldades. A precariedade do local não dava condições de atendimento e por muito pouco a unidade não fechou as portas e as Irmãs não se despediram de Ituporanga. Como o hospital ficava situado próximo à igreja, existia uma parceria entre a paróquia Santo Estevão e as Irmãs Franciscanas. Porém, até 1945, com as sucessivas mudanças dos vigários na paróquia, o hospital se mantinha em meio a dificuldades, principalmente financeiras.

Foi quando em 1946, foi idealizada a construção de uma nova estrutura para abrigar o hospital. Iniciava-se nesta época a luta para angariar recursos para colocar em prática o projeto de construção daquele que seria o hospital de referência para a região.

Em 1947 o quadro de atendimento fechou em 533 pacientes. As maiores precariedades na época eram as necessidades básicas como água e luz. O registro dos enfermos era feito por meio de um livro e a unidade hospitalar era chamada de Hospital de Caridade Bom Jesus de Salto Grande. A nova estrutura e com o nome de apenas Hospital Bom Jesus (HBJ) veio a ser inaugurada  dois  anos  mais  tarde, em 1949.

Desde então diretamente são atendidos os moradores das cidades de Aurora, Atalanta, Chapadão do Lageado, Imbuia, Ituporanga, Leoberto Leal, Petrolândia e Vidal Ramos. São mais de 70 mil habitantes que contam com o Hospital Bom Jesus como referência.

FATOS MARCANTES

Nestes 85 anos de história, muitos momentos marcaram os moradores da Região da Cebola. A primeira foi em 1947, quando institui-se uma comissão para a construção do novo hospital. Em 2014 jovens empresários e voluntários formaram uma comissão em prol do Festival Sertanejo, que visava angariar fundos para o pagamento das dívidas com os fornecedores.

Outro fato marcante e muito recente é a abertura da conta Covid-19, para receber doações objetivando a aquisição de equipamento e equipamentos de proteção individual para o enfrentamento da pandemia, liderada pelo empresário Tião Muller, com adesão da comunidade.

“Pela escassez de recursos financeiros, resultado dos atendimentos de baixa e média complexidade, sempre precisamos contar com emendas parlamentares para aquisição de equipamentos, reformas ou construção de maior valor”, ressalta Irmã Edelir Stupp, diretora do HBJ.

Em 2010, com a abertura da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a instituição ampliou o atendimento e passou a ser referência para todo o Estado. Para atender os pacientes e prestar um atendimento de qualidade, a estrutura física é composta por 71 leitos destinados para a UTI, ala de isolamento e para as clinicas médica, particular, maternidade e retaguarda.

São mais de 220 profissionais habilitados e capacitados para atender a população nas demandas de serviço da entidade. A instituição mantém também uma escola de nível profissionalizante, que fornece o curso Técnico de Enfermagem, responsável pela formação da grande maioria dos profissionais que atuam na área em toda a região. Grande parte dos alunos são beneficiados com bolsa de estudo.

Em 2015 o HBJ ampliou as possibilidades de atendimento e inaugurou o Ambulatório Bom Jesus que tem como principal função facilitar a sequência dos tratamentos que são iniciados através dos profissionais do HBJ. No ambulatório os atendimentos são prestados de forma particular, porém as consultas são realizadas por valores mais acessíveis.

O hospital conta também com atendimento de urgência e emergência através de um Pronto Atendimento totalmente revitalizado com plantão 24 horas e sobreaviso médico realizado por meio de convênios celebrados com os municípios para a disponibilização dos serviços de anestesiologia, clínica médica, obstetrícia, cirurgia, neonatologia e ortopedia. O setor de pronto atendimento atende em média 2,5 mil pacientes por mês.

“Aqui no hospital contamos com uma estrutura constantemente revitalizada. Temos uma agência transfusional para o armazenamento de sangue - o que dá maior segurança a todos os procedimentos. Além de equipamentos de última geração que tem oportunizado realizar em Ituporanga procedimentos antes feitos apenas em grandes centros, como é o caso das neurocirurgias”, complementa a Irmã.

Com a chegada de um tomógrafo o Hospital Bom Jesus passou a ser referência também em exames de tomografia. O equipamento teve investimento de mais de R$ 800 mil e é único no Alto Vale em termos de tecnologia, tendo em vista que facilita e agiliza a realização de exames para pacientes e moradores da região.               

A instituição possui também setor de diagnóstico e imagens, que emite resultados para pacientes e também para o público externo em radiologia, ultrassonografia, mamografia, endoscopia digestiva, tomografia, densitometria óssea, métodos diagnósticos de cardiologia, fonoaudiologia, fisioterapia, além da Farmácia Central, Serviço psicossocial, e laboratório. O hospital também mantém a disposição uma Casa de Apoio, que acolhe os familiares de pacientes internados na UTI, proporcionando a adesão as visitas e um melhor acompanhamento junto a evolução do paciente.

“Em 2001 recebemos o título de Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Ministério da Saúde e UNICEF. Com isso, nos tornamos referência em aleitamento materno, com o constante treinamento dos profissionais. Além disso, há mais de 20 anos contamos com o banco de leite humano”, afirma a diretora.

Por se tratar de uma instituição filantrópica, grande parte dos atendimentos realizados são efetuados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Levantamentos recentes apontam que a taxa de ocupação pelo SUS é de 90%.

PROJETOS E FUTURO

Recentemente foi inaugurada a obra de acessibilidade, na celebração de 85 anos do HBJ. “Revitalizamos o espaço em frente ao hospital, com acessibilidade. Colocando a disposição da comunidade a facilidade de acesso”. A praça denominada Irmã Paulina trouxe além da acessibilidade, muita beleza.

Com dois novos monumentos, o novo Senhor Bom Jesus – padroeiro do hospital – e a Irmã Paulina, doada pelo empresário Silvio Prim. “A Irmã Paulina dedicou 60 anos de sua vida ao Hospital Bom Jesus, à comunidade e região. Ela é um grande exemplo de doação a ser seguido”, ressalta a diretora do HBJ.

Na ocasião, a Irmã Edelir Stupp falou sobre os projetos para o futuro do hospital. “Estamos concluindo o heliponto que estará melhorando o acesso aos transportes aéreos de nossos pacientes. E, em breve, queremos ampliar nossa estrutura, para acompanhar o crescimento e evolução da região.”

Uma nova ala deverá ser construída nos fundos do atual prédio, que deve abrigar clínicas médicas, cirúrgica, infantil e todo o setor de imagem. Com isso, o Pronto Atendimento será ampliado, para atender a demanda. “A nova ala deve contar com pelo menos seis andares e, para que o projeto seja efetivado, falta terminar o plano diretor do HBJ, que já está iniciado”, finaliza a diretora.

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